Dorotéia é uma ex-prostituta que procura na família uma forma de se redmir da vida que levava e da morte do filho. Lá, encontra sua prima, D. Flávia, mulher feíssima, que impõe condições para a sua permanência, em meio as bodas da filha Das Dores e de manter a casa e as parentas igualmente feias, Carmelita e Maura, na mais perfeita ordem. E sem sonhos.

A peça faz parte, assim como Anjo Negro, Senhora dos Afogados e Álbum de Família, dos textos míticos que Nelson escreveu entre 1946 e 1949, causando polêmica e trazendo de uma vez por todas, a fama de “maldito” que o dramaturgo sempre teve.


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Morta.

Como assim, morta?
Nascer de cinco meses e morta... ter dentro de si, vontades, sensações e confidencias que na verdade, não existem.
Como ser privado da certeza de crer no momento, se o momento nem existe.
Que dentro de si , seus órgãos estão pulsando sem vida por conta de uma “regra” onde todas têm que se encaixar.
Não quebrar a moral e os bons costumes daquelas que se foram e tiveram a náusea; que por sinal, é uma sensação horrível.
Por que dar continuidade a uma tortura que não as permite viver. Por que para elas, é comodo ser assim?
Como saber se isso é a verdade. Se essa é a única verdade que se conhece desde muito pequeno.
Ficar a espera de um noivo, que nunca será reconhecido. Imaginar sem a referencia de um homem. Não saber a cor dos olhos, o movimento das orelhas quando ele dá uma gargalhada muito forte.
Não saber se de longe o olhar de saudade é de tristeza por não estar perto, ou de alegria por saber que o reencontro será em breve.
Das Dores, predestinada às dores. Basta saber se as Dores que se é predestinada é as próprias, ou as dores que se criam a partir dos desejos frustados daquela que não dorme, porque em sonho, queimaria em adoração.

Brendo de Lima, das Dores.

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